A Escravidão dos Hebreus no Egito | Estudo Bíblico

A escravidão dos Hebreus no Egito fazia parte do cumprimento do plano divino para os filhos de Israel, como foi prometido a Abraão, que está no coração do texto que abre a primeira porção do livro do Êxodo.

A promessa recebida pelo pai da fé dizia que Israel se tornaria em uma grande nação e que herdaria a terra de Canaã. E somos logo informados de que embora os filhos de Jacó fossem apenas setenta pessoas quando desceram ao Egito:

“os filhos de Israel frutificaram, aumentaram muito, e multiplicaram-se, e foram fortalecidos grandemente; de maneira que a terra se encheu deles.” Êxodo 1:7

Os Israelitas, que foram inicialmente bem-vindos ao Egito na era patriarcal, agora começam a experimentar uma dolorosa mudança após a morte de José.

Um novo Faraó inicia uma campanha de perseguição aos descendentes de Jacó, transformando-os em um grupo de escravos. Faraó elabora um malicioso plano, detalhado em várias fases, para destruir os filhos de Israel.

Eles são lentamente roubados de seu senso de valor próprio, da sua autoconfiança, sendo transformados inconscientemente em participantes de sua própria escravização.

A propaganda – primeira fase da escravização

“E levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José; O qual disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é muito, e mais poderoso do que nós.

Eia, usemos de sabedoria para com eles, para que não se multipliquem, e aconteça que, vindo guerra, eles também se ajuntem com os nossos inimigos, e pelejem contra nós, e subam da terra.” Êxodo 1:8-10

Este tema é aqui muito bem elaborado nas palavras do novo imperador Egípcio, quem muito convenientemente “esqueceu-se” de José, ao usar pela primeira vez o termo– um povo – ao se referir aos Israelitas, indicando seu mais novo status.

A perseguição inevitavelmente começou com propaganda, isolando o povo da sociedade que o cercava. A descrição dos Israelitas como “muito, e mais poderoso do que nós”, feita por Faraó, é claramente falsa.

Faraó sabia que “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade.”

A intenção maldosa de Faraó é revelada na acusação específica que ele faz ao povo de Deus. Ele conscientemente incita seu próprio povo à inveja, xenofobia e medo.

Fase dois – isolamento

“E puseram sobre eles maiorais de tributos, para os afligirem com suas cargas. Porque edificaram a Faraó cidades-armazéns, Pitom e Ramessés. Êxodo 1:11”

O discurso de Faraó passa para o próximo estágio, com a denominação de feitores e capatazes. O monarca Egípcio, através dessas ações, isolava os filhos de Israel de forma física e psicológica.

Fase três – degradação

“E os egípcios faziam servir os filhos de Israel com dureza [בְּפָרֶךְ: bepharech]” Êxodo 1:13

Como os Israelitas foram capazes de responder e se adaptar positivamente, mesmo nesse momento de adversidade, então os Egípcios passam seus planos para uma nova fase.

O termo bíblico בְּפָרֶךְ: bepharech, potencialmente transmite vários aspectos dessa nova fase de perseguição os hebreus.

Seguindo o caminho dapeshat (o sentido literal do texto), o rabino Rashi explica que o termo se refere ao trabalho pesado e duro, que quebra o corpo.

Um trabalho de extrema dureza não tem outro propósito a não ser a tortura física e a degradação psicológica infligida sobre o povo de Deus.

O rabino Shimshon Raphael Hirsch fez de forma brilhante, a conexão entre as palavras bepharech e parochet – פרוכת – a cortina que dividia o Kodesh Hakodashim, o santo dos santos, do restante do templo.

O trabalho árduo que era imposto sobre os Israelitas tinha o propósito de dividi-los.

Quarta fase – a morte dos inocentes

“E o rei do Egito falou às parteiras das hebréias (das quais o nome de uma era Sifrá, e o da outra Puá), E disse: Quando ajudardes a dar à luz às hebréias, e as virdes sobre os assentos, se for filho, matai-o; mas se for filha, então viva.” Êxodo 1:15-16

Somente depois que a subjugação física e psicológica dos filhos de Israel chega a um nível crítico, é que Faraó pode revelar o seu verdadeiro plano, a destruição da jovem nação Israelita.

E o rei do Egito era muito persuasivo em suas estratégias. O seu sucesso em manipular as mentes, tanto dos Israelitas quanto dos Egípcios pode ser entendido em duas passagens bíblicas muito esclarecedoras quanto a este fato.

Em relação aos Egípcios:

“Então ordenou Faraó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio, mas a todas as filhas guardareis com vida.” Êxodo 1:22

O rabino Rashi notou uma significante omissão no decreto de Faraó. O rei do Egito não diz “A todo filho Israelita – que nascerem lançareis no rio!”Ele diz, “Todos os filhos que nascerem…”

Rashi explica essa omissão citando a Tradição Oral que ficou registrada no Talmude:

“Os astrólogos de Faraó tinham predito que o libertador da nação Israelita nasceria em breve. Os astrólogos também previram que este libertador teria muitos problemas com as águas.

Na incerteza se o libertador nasceria dos Hebreus ou dos Egípcios, Faraó ordena que todos os recém-nascidos fossem jogados no rio Nilo.”

A Tradição Oral (a Midrash), continua e nota que os astrólogos de Faraó tinham percebido uma verdade que eles não entenderam. A vida de Moisés seria de fato determinada por meio das águas, tanto do Nilo como do Mar Vermelho.

A escravidão dos Hebreus no Egito:

Mais à frente no שְׁמוֹת Shmot (O livro do Êxodo em hebraico), Faraó aumenta muito a dureza do trabalho que faz recair sobre os filhos de Israel, como forma de retaliar as primeiras iniciativas de Moisés em busca da liberdade de seu povo.

Os Israelitas se voltam para Moisés e exclamam:

“O Senhor atente sobre vós, e julgue isso, porquanto fizestes o nosso caso repelente diante de Faraó, e diante de seus servos, dando-lhes a espada nas mãos, para nos matar.” Êxodo 5:21

É espantosa a forma como Faraó subjugou os Israelitas.

Ele os atormentou física e psicologicamente, assassinou seus filhos, e ainda esses mesmos Israelitas que sofreram tudo isso de Faraó, agora se voltam contra Moisés em protesto “por causa de você, Faraó e seus servos não gostam de nós!”

A esperteza de Faraó está bem evidente. Ele conseguiu roubar totalmente a liberdade dos filhos de Israel, de uma forma que eles se tornaram dependentes dele. A escravidão dos Hebreus no Egito está em curso.

Eles não querem acreditar na realidade da maldade que estava no rei do Egito. Os escravos Hebreus ainda tem esperança de que de alguma forma Faraó ainda poderia mudar seu comportamento.

A influência de Faraó sobre os Egípcios e Israelitas é total. Como resultado, a jovem nação judaica sofre um risco mortal, antes mesmo de seu nascimento oficial.

Sobre o autor |Website

Cursou hebraico bíblico, geografia bíblica, Novo Testamento, e estudos do Apocalipse; é especialista em estudos da Bíblia, certificado pelo Israel Institute of Biblical Studies, autor do livro Gênesis, o livro dos patriarcas.

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