José Governador do Egito – Enxergando a Providência de Deus

Em uma das maiores reviravoltas de toda a Bíblia, José, quem estava, até o final do capítulo 40 do Gênesis, esquecido na prisão, agora se torna o Governador do Egito, estando abaixo apenas de Faraó. E isto acontece em uma velocidade impressionante.

Faraó teve dois sonhos. Nenhum de seus magos pôde saber a sua interpretação. O copeiro-chefe que servia a Faraó, então se lembra de seu antigo companheiro de cela, quem possuía um misterioso dom de interpretar sonhos.

Rapidamente José é libertado da prisão, e é vestido para entrar na presença de Faraó do Egito.

E José não apenas interpreta os Sonhos de Faraó, mas também se torna o primeiro economista do mundo, ao conceituar o trade cycles, a teoria dos ciclos econômicos (a recorrente flutuação entre a expansão e a depressão econômica em um país).

Os sonhos de Faraó traziam um aviso de sete anos de abundância, que seriam seguidos por sete anos de escassez.

Após diagnosticar o problema, José imediatamente sugere uma ação muito apropriada para resolvê-lo: Estocar o excesso de produção nos anos de fartura, e então usar estas reservas nos anos de fome.

Faraó ouve a sabedoria de José e imediatamente o convida a implementar a sua estratégia, dando a José todo o controle da economia Egípcia. E José vai de escravo prisioneiro à Governador do Egito em apenas um lance!

josé se torna o governador do egito

José Governador do Egito.

Sonhos e mensagens de Deus

Tão fascinante é a história de José do Egito, que facilmente deixamos passar o fato de que Faraó teve não apenas um só sonho, mas de fato foram dois:

O primeiro foi sobre as sete vacas magras, que devoravam as outras sete vacas gordas e belas.

O segundo sonho foi sobre as sete espigas de trigo graúdas que engoliram as sete espigas de trigo mirradas e ressequidas.

José explica que na verdade eles são o mesmo sonho, transmitindo a mesma mensagem através de imagens diferentes. A razão de que Faraó teve dois sonhos, e não apenas um, é porque dois sonhos implicam em que:

“se o sonho do Faraó se repetiu duas vezes é porque o fato está bem decidido por parte de Deus, e Deus logo o realizará” Gênesis 41:32.

No contexto imediato, isto é só mais uma informação sobre o futuro do Egito. Porém a análise de todo o contexto da história da vida de José, muda todo o nosso entendimento sobre esses eventos.

Isso porque não foi só Faraó quem teve dois sonhos com estruturas similares. José também os teve, bem no início de sua história:

“Estávamos amarrando os feixes de trigo no campo, quando o meu feixe se levantou e ficou em pé, e os seus feixes se ajuntaram ao redor do meu e se curvaram diante dele.” Gênesis 37:7

E não só este, mas também sobre o sol, lua e as estrelas se curvando diante dele:

“Tive outro sonho, e desta vez o sol, a lua e onze estrelas se curvavam diante de mim” Gênesis 37:9

E ninguém tinha ideia do que aqueles sonhos significavam, naquele momento. Seriam eles uma profecia, ou o fruto da imaginação de um garoto ambicioso?

Somente agora, muitos anos e capítulos depois, é que ficamos sabendo de uma informação surpreendente:

um sonho, repetido em diferentes imagens, não é simplesmente um sonho, é uma mensagem enviada por Deus, sobre um futuro que está firmemente decidido a acontecer.

Há muitos possíveis motivos que explicam as razões de nós não recebermos essa revelação logo no princípio da história de José. Pode ser que só depois Deus tenha revelado isso a José, ou talvez seja que só agora José tenha compreendido.

Pode ser também que a revelação sobre a mensagem divina presente nos sonhos possa sinalizar algo muito mais profundo sobre a condição humana, vista com os olhos da fé.

É somente olhando em retrospecto que entendemos a história de nossa vida. Os acontecimentos mais recentes é que explicam aqueles ocorridos lá trás.

No começo, nem José nem seus irmãos puderam entender que aqueles sonhos eram uma forma de profecia.

A trajetória de José e a ação da providência

Em uma leitura rápida, a vida de José parece uma sequência de acontecimentos sem motivos maiores ou ligações.

Somente muito depois, olhando para trás é que podemos ver que cada evento fazia parte de um preciso e providencial plano, que levaria um jovem, vindo de uma família de pastores nômades, a se tornar o Governador do Egito, a maior potência da época.

E isso acontece não só com José, mas conosco também. Nós vivemos tentando nos equilibrar entre o nosso passado que conhecemos e um futuro imprevisível. A ligação entre eles é o nosso presente, o nosso “hoje” em que fazemos nossas escolhas.

Nós temos que decidir entre várias alternativas. Afrente de nós há muitos caminhos divergentes, e cabe a nós escolhermos quais devemos seguir.

E somente anos mais tarde é que iremos perceber quais escolhas foram erradas, quais foram irrelevantes, e quais foram acertadas.

Há coisas que pareciam pequenas naquele tempo, mas que podem ter sido decisivas. Outras que pareciam tão importantes, se provaram com o tempo serem muito triviais.

Vista da perspectiva do presente, do agora, do hoje, a vida pode parecer uma série de acontecimentos aleatórios, e sem conexões.

a providencia divina

A Providência de Deus Está Sempre Presente.

Só com o tempo é que seremos capazes de olhar para trás e enxergar a rota que a caminhada da nossa vida tomou, bem como as direções certas e erradas que eventualmente podemos ter tomado.

Na vida há uma conexão intrínseca entre tempo e significado.

A mesma série de acontecimentos que uma vez parecia mera obra do acaso, pode, após o entendimento que só vem tempos depois, se revelar como padrões de um plano providencial.

É somente olhando para trás, para o nosso passado, é que podemos ver as consequências de nossos atos e entender a biografia da nossa vida.

E é aí que nos tornamos capazes de ver como a providência divina guiou os nossos passos, dando-nos os livramentos de Deus. Esse é um dos significados das palavras que Deus disse a Moisés:

“E acontecerá que, quando a minha glória passar, pór-te-ei numa fenda da penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado.

E, havendo eu tirado a minha mão, me verás pelas costas; mas a minha face não se verá.” Gênesis 33:22-23.

Moisés só podia ver Deus por de trás. E muitas vezes é assim, somente quando olhamos para trás na nossa vida, em retrospectiva, é que podemos ver a providência de Deus atuando em nosso favor.

Há muitas coisas que acontecem que vão nos fazer entender os “porquês” do nosso passado. Lembrai-vos do livramento do Senhor.

Sobre o autor |Website

Cursou hebraico bíblico, geografia bíblica, Novo Testamento, e estudos do Apocalipse; é especialista em estudos da Bíblia, certificado pelo Israel Institute of Biblical Studies, autor do livro Gênesis, o livro dos patriarcas.

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