Moisés sobe o Sinai e entra na nuvem. A parashá Terumá é iniciada com uma instrução para coletar os materiais necessários à construção do Tabernáculo:
“Fala aos filhos de Israel, que me [Li] tragam [v’yikhu] uma oferta alçada [terumá]; de todo o homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada.” Êxodo 25:2
“E me [Li] farão um santuário, e habitarei no meio deles [betochan -> melhor tradução -> dentro deles].” Êxodo 25:8
A palavra לִ֖י Li, “me”, é de difícil entendimento em ambos versos. “Me” tragam uma תְּרוּמָ֑ה terumá, oferta; “Me” farão um Mikdash, um Santuário. Seria possível dar alguma coisa a Deus, a quem o céu e a terra pertencem?
Seria possível fazer um lugar para que Deus habitasse?
As dificuldades no texto não terminam por aí. “E habitarei בְּתוֹכָֽם betochan – dentro deles”, ao invés de ” e habitarei dentro do Tabernáculo”. Essas mesmas palavras são repetidas no Êxodo 29.
Depois de ser anunciado que a Tenda da Congregação e o Altar serão santificados, e que Arão e seus filhos serão ungidos para servir a Deus, todo o propósito do Êxodo é revelado.
“E santificarei a tenda da congregação e o altar; também santificarei a Arão e seus filhos, para que me administrem o sacerdócio. E habitarei no meio [בְּת֖וֹךְ betoch -> dentro] dos filhos de Israel, e lhes serei o seu Deus, E saberão que eu sou o Senhor seu Deus, que os tenho tirado da terra do Egito, para habitar no meio deles [בְּתוֹכָֽם betochan -> dentro deles]. Eu sou o Senhor seu Deus.” Êxodo 29:44-46
A mensagem aqui é clara, a razão do Êxodo, foi para que Deus habitasse dentro do Seu povo, a Sua casa santa. Este plano já tinha sido revelado a Moisés, durante o seu primeiro encontro com Deus.
“E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto, e chegou ao monte de Deus, a Horebe. E disse: Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: Quando houveres tirado este povo do Egito, servireis [תַּֽעַבְדוּן֙ ta’avdun] a Deus neste monte.” Êxodo 3:1, 12
O objetivo do Êxodo não era simplesmente geográfico, saindo de uma terra para outra, do Egito para Canaã. O objetivo real era servir a Deus. E este serviço era específico.
Eles foram mandados a construir “uma casa santa” a Deus, desde o princípio de sua jornada, para que Deus habitasse dentro deles.
No Êxodo 3:12, o episódio da sarça ardente, a palavra usada para “servir” é תַּֽעַבְדוּן֙ ta’avdun, que deriva da raiz עֲבוֹדָה avodah – “servir aplicando as suas forças”.
Na sarça ardente, um segredo espiritual foi dado a Moisés, que nos liga à ordem para construir o Tabernáculo, o nosso entendimento de que quando construímos uma casa santa em nós mesmos, faz com que Deus encontre a Sua morada, o Seu lugar de habitação dentro de nós.
Mas isso requer que apliquemos as nossas forças, o nosso ser, a nossa vida, a nossa maneira de viver, a nossa prática de vida, em santidade e em serviço ao Senhor. Nós buscamos o conhecimento de Deus.
Nós desejamos ter contato e comunhão com Ele, e a construção de uma Casa Santa é o veículo que nos permite ter esta intimidade com Deus, quando nos permitimos ser santificados pelo sangue do Seu filho Jesus.
Pois quando somos santificados, a Shekhinah, a divina presença passa a habitar dentro daqueles que são santificados pelo Senhor, e a presença de Deus é uma necessidade real em nossas vidas, sem o qual o homem espiritual não pode sobreviver.
Moisés recebe instruções verbais para a construção do Tabernáculo, mas descrições abstratas são difíceis de se traduzirem em aspectos concretos no mundo real.
Por isso o texto nos informa que Deus o mostrou as imagens de como o Tabernáculo deveria ser.
“Atenta, pois, que o faças conforme ao seu modelo, que te foi mostrado no monte.” Êxodo 25:40
Este modelo que foi mostrado a Moisés, constitui o conceito do Templo Celestial – o Beit haMikdash shel Maalah, figura que foi seguida para a construção do Beit haMikdash shel Matah, o Templo terrestre.
“Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus;” Hebreus 9:24
É essa consciência, da habitação Celeste, que permitiu ao povo de Deus coletar materiais físicos, ofertá-los a Deus, elevando-os e tornando-os em vasos espirituais.
A obediência à palavra de Deus, a verdade, deu condições ao povo de Israel a se engajar em um diálogo com Deus. Obedecer à voz do Senhor é a expressão do desejo por um relacionamento com Ele em um nível mais elevado.
Em retorno, Deus deu instruções ao Seu povo, de como edificar um lugar para se chegar a ter intimidade com o Criador.
Não é raro que a Bíblia compare esse relacionamento à semelhança de um casamento. Cristo é o esposo, a Igreja é a Sua noiva.
De fato, as palavras usadas para a coleta de materiais para a construção do Tabernáculo, “que me tragam uma oferta alçada…” Êxodo 25:2, são os termos hebraicos וְיִקְחוּ־ v’yikhu, que significam “trazer” e também “tomar”.
“que [me tragam וְיִקְחוּ־ v’yikhu] uma [oferta alçada תְּרוּמָ֑ה terumá];” Êxodo 25:2
v’yikhu reflete o método usado para a doação dos materiais. Esta palavra significa “trazer” e “tomar”, com a conotação de uma aquisição jurídica.
Um outro trecho em que a Bíblia usa essa mesma palavra com semelhante conotação é quando o texto fala sobre casamento:
“Quando um homem tomar [יִקַּ֥ח yikhu] mulher…” Deuteronômio 22:13
Casamento em hebraico é chamado kiddushin, derivado da palavra kedushah, “santidade”. O processo de construção do Tabernáculo do nosso corpo é semelhante ao processo do kiddushin.
Ambos resultam em um relacionamento santo.
Ambos permitem a elevação do físico para o nível espiritual. A edificação do Tabernáculo é ápice do casamento entre Deus e o Seu povo, quando o Senhor declara o Seu amor por nós e passa a viver conosco eternamente.
“E desposar-te-ei comigo para sempre; desposar-te-ei comigo em justiça, e em juízo, e em benignidade, e em misericórdias. E desposar-te-ei comigo em fidelidade, e conhecerás ao Senhor.” Oséias 2:19-20
Uma das histórias mais comoventes da bíblia é esta sobre a Sunamita. Uma mulher de…
A história de Zaqueu o Publicano, e da sua conversão, se passa em Jericó, uma…
"O Senhor é o meu Pastor", lindas e sábias palavras, cuja beleza ímpar, parece nos…
A história do endemoninhado Gadareno revela que por detrás deste mundo visível, físico e palpável,…
A história da cura da lepra de Naamã com sete mergulhos no Jordão, traz um…
Uma das passagens mais belas do evangelho, esta que fala da história de Jesus e…
Veja comentários
Parabéns pelo estudo. Existem professores de hebraico bíblico que afirmam que a morada dos santos os que creem em Yeshua haMashiach não será no céu. Ou seja eles dizem que ninguém vai para o céu! É verdade o que eles afirmam que os santos não irão morar no céu? Shalom!